O controle de pragas de solo, tradicionalmente, baseia-se no emprego de inseticidas aplicados nos sulcos de plantio e/ou por ocasião da amontoa e posteriores pulverizações foliares, visando controlar tanto as larvas que se encontram no solo quando da instalação da lavoura, tais como corós e bicho-arame, como aquelas que chegam após o plantio, entre as quais, vaquinhas, pulgas e burrinhos.
Inseticidas dos grupos dos fosforados, dos carbamatos, dos piretróides e do fenil-pirazol estão registrados para o uso nas lavouras de batata, propiciando a rotação de ativos com diferentes modos de ação, evitando-se ou retardando-se o surgimento de populações resistentes a um ou mais produtos. Carbamatos e fosforados estão relacionados com a inibição da acetilcolinesterase, enquanto piretróides com o bloqueio dos canais de sódio e o fenil pirazol com o bloqueio dos canais de cloro.
Uma vez que se tem buscado ativos com baixa mobilidade no solo, a distribuição do produto nos sulcos de plantio, principalmente quando se empregam inseticidas granulados, deve merecer especial atenção de modo que a proteção aos tubérculos seja completa. Se a opção for pulverizar os sulcos de plantio, melhores resultados são obtidos com o uso de bicos leque, que distribuem o inseticida tanto no fundo quanto nas laterais dos sulcos.
A eficiência dos inseticidas granulados depende, entre outros, da umidade do solo e de suas características físicas e químicas, da dose a ser empregada e do método de distribuição, da polaridade da molécula, da densidade populacional da praga que se deseja controlar e da idade das plantas.
A aplicação de líquidos por ocasião da amontoa deve ser realizada antes que as plantas cresçam a ponto das folhas superiores encobrirem as inferiores, reduzindo a quantidade de calda que efetivamente chega ao alvo desejado.
Além dos fatores inerentes às características dos produtos, há a influência da tecnologia de aplicação (volume de calda, bicos, pressão etc) sobre a eficiência final do tratamento.
Vê-se, portanto, que devido às particularidades da própria cultura da batata e dos hábitos dos insetos de solo, as chances de sucesso no controle de pragas subterrâneas com inseticidas dependem de um amplo conjunto de fatores.
O preparo do solo expõe larvas, lagartas e pupas a inimigos naturais e a condições climáticas adversas, sendo importante tática dentro do controle cultural. Plantar sementes sadias que darão origem a plantas com maior capacidade de suporte ao ataque de pragas e doenças, potencialmente mais produtivas, com maior número de hastes e de tubérculos, reduzindo-se o percentual de dano causado pelas larvas e lagartas.
Preparar adequadamente o solo, sob condições adequadas de umidade, evita a formação de torrões que servirão de abrigos a adultos de vaquinhas e outras pragas.
Plantar na profundidade adequada à época. Plantios muito profundos retardam a emergência dos brotos, prolongando o ciclo da cultura e, conseqüentemente, o tempo em que as plantas permanecem suscetíveis ao ataque das pragas. Por outro lado, plantios muito rasos facilitam o acesso de adultos e larvas de diabrotica, pulga e lagarta-rosca aos tubérculos.
Realizar uma amontoa adequada. A amontoa é importante barreira física, dificultando o acesso de adultos, larvas e lagartas aos tubérculos e deve ser realizada de modo a evitar-se a formação de fendas e gretas. Com o crescimento das plantas, o engrossamento das hastes e desenvolvimento dos tubérculos mais superficiais, abrem-se fendas e rachaduras nos camalhões, principalmente junto ao colo das plantas, por onde os insetos podem alcançar os tubérculos mais profundos. Maior importância ainda tem a amontoa, quando considera-se que há variedades que têm por característica emitir estolões superficiais; estas são geralmente mais suscetíveis ao ataque de pragas do que as variedades que lançam estolões mais profundos.
Em solos úmidos, há uma adesão maior das partículas, com conseqüente redução de fendas e gretas. Assim, a irrigação por aspersão, diminuindo as rachaduras no solo, dificulta o acesso de adultos, larvas e lagartas aos tubérculos. Eliminar outros hospedeiros da traça das proximidades das lavouras, principalmente outras espécies de solanáceas.
Restos de cultura, tubérculos não colhidos ou descartados durante a colheita e plantas voluntárias (socas) são fontes de alimento e abrigo para diversas pragas, que mantêm suas populações nas áreas de plantio, entre uma safra e outra.
Ao redor das lavouras há espécies de plantas que podem fornecer abrigo e alimento às pragas. Mas, que também servem de refúgio e sítios de alimentação e acasalamento a inimigos naturais. Recomenda-se, assim, que plantas invasoras ou competidoras não sejam completamente eliminadas, mas que ao redor das lavouras sejam mantidas áreas limpas.
Principais doenças e insetos da batata, de acordo com o estádio de desenvolvimento das plantas, e indicações sobre as medidas de controle.
INSERIR TABELA
CONTROLE
Para um melhor controlo das doenças e pragas da batata, o sistema mais adequado, tanto do ponto de vista económico como ecológico, é o controlo integrado, que procura preservar o meio ambiente, reduzindo ao mínimo o uso de agrotóxicos, sem negligenciar, entretanto, o seu valor. Em áreas onde existe um grande número de produtores, de nada adianta se adoptar todas as medidas abaixo se o vizinho não fizer o mesmo.
recomendações e o programa de controlo:
- Utilizar batata-semente certificada, menos contaminada com patógenos;
- A reutilização de batata-semente proveniente de campo de consumo só se justifica se ocorreu baixa incidência de viroses no ciclo da cultura. Algumas cultivações degeneram rapidamente devido ao acúmulo de vírus;
- Não plantar batata mais do que duas safras seguidas na mesma área. Fazer rotação com cereais (arroz, milho, sorgo), cana-de-açúcar ou pastagens;
- Evitar plantar batata em área onde foram cultivadas outras plantas da mesma família como pimentão, berinjela, tomate e jiló;
- Sempre que surgirem as primeiras plantas com viroses ou com doenças de solo, arrancá-las, junto com as plantas próximas de todos os lados, e enterrá-las profundamente ou queimá-las;
- Eliminar sistematicamente a soqueira e as plantas daninhas no campo e em torno dele;
- Arar o solo com três meses de antecedência de modo a expor os patógenos ao dessecamento;
- Plantar em solos bem drenados, que não acumulam água em excesso, pois solos encharcados no final do ciclo favorecem muitas doenças, como a sarna-pulverulenta e as podridões de tubérculos;
- Não irrigar em excesso ou com água contaminada;
- Não aplicar excesso de calcário; pH acima de 6,0 favorece a ocorrência da sarna;
- Adubar correctamente; falta ou excesso de nutrientes favorece o desenvolvimento de doenças e pragas;
- Quando disponível, plantar cultivares resistentes às doenças e insetos mais prevalecentes na região;
- Pulverizar preventivamente com fungicidas recomendados para a cultura, quando as condições climáticas forem favoráveis a uma determinada doença;
- Monitorar a população de insectos e pulverizar só quando necessário;
- Utilizar espaçamento correcto para cada cultivar; plantios pouco arejados favorecem doenças;
- Visitar frequentemente o campo e observar qualquer irregularidade que favoreça doenças, como vazamentos de canos de irrigação, ocorrência de plantas daninhas, presença de insectos, etc;
- Em campo de batata-consumo pode-se tolerar até 30 pulgões sem asas por 100 folhas baixeiras da planta da batata;
- A erradicação de plantas com sintomas de virose só se justifica em campos de produção de batata-semente;
- A aplicação de insecticidas para o controle de viroses não se justifica no caso do FVY (transmissão não circulativa). Com o vírus do enrolamento (PLRV) (transmissão circulativa) a medida se justifica desde que haja baixa incidência de vírus no campo. Utilizar insecticidas específicos para pulgões;
- Fazer um eficiente controlo de plantas daninhas, principalmente as solanáceas que abrigam insectos que transmitem viroses ou causam danos às folhas e tubérculos;
- Realizar a colheita com cuidado, de modo a não ferir os tubérculos;
- Não lavar a batata; tubérculos que se ferem e recebem humidade no processo de lavação e apodrecem rapidamente. Quando houver necessidade de lavação, deixar que os tubérculos sequem bem antes de embalar ou transportar;